Mensagem de 25 de novembro de 2014



" Queridos filhos, hoje, de uma maneira especial, os convido a oração. Rezem filhinhos, para que vocês possam compreender quem são e para onde precisam ir. Sejam portadores da boa nova e pessoas de esperança. Sejam amor para todos aqueles que estão sem amor. Filhinhos, vocês tudo serão e tudo conseguirão somente se rezarem e estiverem abertos a vontade de Deus, o Deus que deseja conduzi-los para a vida eterna. Eu estou com vocês e intercedo por todos, dia após dia, diante de meu filho Jesus. Obrigada por terem atendido ao meu chamado."




Comentário da Mensagem

Venho rezando a mensagem de Nossa Senhora há já 15 dias. Muito me ajudou a meditação do Padre Nuno Coelho, na Missa que no próprio dia 25, celebrou na Basílica dos Mártires em Lisboa, onde convocados pelo Centro da Paz se congregam mensalmente muitos peregrinos de Medjugorje. Só agora, no serão deste grande dia em que celebramos a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, padroeira principal de Portugal, passo ao papel aquilo que fui rezando. Cheio de emoções, porque a Imaculada é uma grande Festa, e dentro do Tempo de Advento uma etapa decisiva na preparação para o Natal. Retenho, do Ofício de Leituras, as palavras de Santo Anselmo:

 

«Ó Mulher cheia de graça, superabundante de graça, a Tua plenitude transborda para a criação inteira e a faz reverdecer. Ó Virgem bendita, entre todas as coisas bendita, pela Tua bênção é abençoada toda a natureza, não só a criatura pelo Criador, mas também o Criador pela criatura! Deus entregou a Maria o Seu próprio Filho, o Seu Filho Unigénito, igual a Si, a quem amava como Si mesmo. No seio de Maria, Deus formou o Filho, não distinto, mas o mesmo, para que fosse realmente um o mesmo Filho de Deus e de Maria! Tudo o que nasce é criatura de Deus, e Deus nasce de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria gerou a Deus! Deus, que criou todas as coisas, fez-Se a Si mesmo por meio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele, que pôde fazer todas as coisas do nada, não quis refazer sem Maria o que tinha sido arruinado. Por conseguinte, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a Mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai a quem se deve a constituição do mundo, e Maria a Mãe a quem se deve a sua restauração. Pois Deus gerou Aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz Aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou Aquele fora do qual nada existe, e Maria deu à luz Aquele sem o qual nada subsiste».

 

Rezem, filhinhos, para poderem compreender quem são e onde precisam de ir.

 

Precisamente no dia em que Nossa Senhora de novo falou, o Papa Francisco também falou – e muito, e alto – em Estrasburgo, primeiro no Parlamento Europeu e, depois, ao Conselho da Europa. Disse: «Falar da dignidade transcendente do homem significa apelar para a sua natureza, a sua capacidade inata de distinguir o bem do mal, para aquela “bússola” inscrita nos nossos corações e que Deus imprimiu no universo criado; sobretudo significa olhar para o homem, não como um absoluto, mas como um ser relacional», o que nada tem a ver com aquilo que tantos já experimentam: a solidão dos idosos «abandonados à sua sorte»; os jovens «privados de pontos de referência e de oportunidades para o futuro»; a multidão de pobres e os imigrantes que «vieram para cá à procura de um futuro melhor».

 

«No centro do debate político, - prosseguiu o Santo Padre – verifica-se lamentavelmente a preponderância das questões técnicas e económicas em detrimento de uma autêntica orientação antropológica». O ser humano corre o risco de, quando deixa de ser funcional, se tornar descartável, «como no caso dos doentes terminais, dos idosos abandonados e sem cuidados, ou das crianças mortas antes de nascer». Na denúncia feita diante dos parlamentares europeus, o Papa Francisco referiu ainda a «cultura do descarte» e o «consumismo exacerbado» como causas que tornam a Europa, cada vez mais, uma «Europa avó que já não é fecunda nem vivaz».

 

«Mas, então, como fazer para se devolver esperança ao futuro, de modo que, a partir das jovens gerações, se reencontre a confiança para perseguir o grande ideal de uma Europa unida e em paz, criativa e empreendedora, respeitadora dos direitos e consciente dos próprios deveres?». O Papa respondeu com a descrição de um dos mais famosos frescos de Rafael: «no centro, estão Platão e Aristóteles, o primeiro com o dedo apontando para o alto, para o mundo das ideias, poderíamos dizer para o céu; o segundo estende a mão para a frente, para o espectador, para a terra, a realidade concreta». Uma imagem «que descreve bem a Europa e a sua história, feita de encontro permanente entre céu e terra, onde o céu indica a abertura ao transcendente, a Deus, que desde sempre caracterizou o homem europeu, e a terra representa a sua capacidade prática e concreta de enfrentar as situações e os problemas. O futuro da Europa depende da redescoberta do nexo vital e inseparável entre estes dois elementos».

 

Não foi menos interpelativo e corajoso o discurso do Papa ao Conselho da Europa:«À Europa, podemos perguntar: Onde está o teu vigor? Onde está aquela tensão ideal que animou e fez grande a tua história? Onde está o teu espírito de curiosidade e empreendimento? Onde está a tua sede de verdade, que comunicaste com paixão ao mundo até agora?» A estas perguntas respondeu com uma imagem de Clemente Rebora, poeta italiano que faleceu já na segunda metade do século passado: «um tronco sem raízes pode continuar a ter aparência de vida,mas por dentro esvai-se e morre… os ramos – antes vigorosos e direitos – dobram-se para a terra e caem. […] As raízes nutrem-se da verdade, que constitui o alimento, a seivavital de toda e qualquer sociedade que queira ser verdadeiramente livre, humana e solidária».

 

O nexo vital entre o céu e terra, a verdade, a seiva vital que nutre as raízes, onde os podemos encontrar? O Papa disse coisas mais elaboradas aos destinatários dos seus discursos, muitos deles agnósticos e ateus, sábios e inteligentes, poderosos e convencidos. Nossa Senhora aos Seus “queridos filhos” descodificou tudo: «Rezem, filhinhos, para poderem compreender quem são e onde precisam de ir».

 

Vocês serão tudo e conseguirão tudo somente se rezarem e se estiverem abertos à vontade de Deus - a Deus, que deseja conduzir-vos à vida eterna

 

O monge São João Cassiano (360-435), mestre na vida espiritual, ensina-nos algumas atitudes que podem levar-nos a uma oração mais bem feita: «Para ter o fervor e a pureza que deve ter, a oração exige uma fidelidade total no que respeita aos seguintes aspectos. Em primeiro lugar, uma libertação completa de todas as inquietações relacionadas com este mundo; […] do mesmo modo, renunciar à maledicência, à coscuvilhice, à palavra vã e à zombaria. Acima de tudo, suprimir definitivamente as perturbações da cólera e da tristeza. Fazer morrer em si todo o desejo carnal e o apego ao dinheiro. […] Após esta purificação, que assegura a pureza e a simplicidade, há que lançar o fundamento inquebrantável de uma humildade profunda, capaz de sustentar a torre espiritual que se pretende que chegue ao céu. Por fim, para que sobre ela repouse o edifício espiritual das virtudes, é preciso proibir à alma toda a dispersão em divagações e pensamentos fúteis. Então, um coração purificado e livre, começa, pouco a pouco, a elevar-se até à contemplação de Deus e à intuição das realidades espirituais».

 

Bem diferente é a realidade de muitos que se dizem cristãos, a quem o Santo Padre apelida de “mornos”, “inimigos da cruz de Cristo”, “medíocres” e “pagãos pintalgados de cristãos”… Num destes dias, mais precisamente, na sua homilia do dia 7 de Novembro, em Santa Marta, o Papa observava que há «cristãos que vão em frente, com fé e, citando São Paulo na Carta aos Filipenses, cristãos que se comportam como inimigos da cruz de Cristo». Sempre assim foi, hoje como nos primeiros tempos da Igreja. «Os dois grupos estavam na igreja juntos, iam à missa aos domingos, louvavam o Senhor, diziam-se cristãos… Eram diferentes em quê? O segundo grupo, observou o Papa, é o dos «cristãos mundanos, cristãos só de nome, com duas ou três coisas cristãs, mas com uma vida pagã». Esclareceu melhor: «pagãos com duas pinceladas de cristianismo, parecem cristãos, mas são pagãos».

 

Devemos estar vigilantes: a tentação da mediocridade é terrível… vai amornando o coração e, «para os mornos o Senhor tem uma palavra muito forte: aos mornos vomito-os da minha boca para fora. […] É muito forte! São inimigos da cruz de Cristo. São cristãos de nome, mas não seguem as exigências da vida cristã». E prossegue, tendo sempre como referência o ensinamento de Paulo: «A nossa cidadania está nos céus. A deles é terrena. São cidadãos do mundo, não do céu. […] Cidadãos do mundo e o seu sobrenome é “mundano”! Cuidado com eles!». O Papa convidou-nos a um exame de consciência: «Gosto de me vangloriar? Gosto de dinheiro? Sou orgulhoso, ajo com soberba? […] Eis alguns sinais indicativos de que se está «escorregando em direção à mundanidade»... "Se estás apegado ao dinheiro, à vaidade e ao orgulho, estás a ir pelo mau caminho". Se, ao contrário, «amas a Deus, serves os outros, és dócil e humilde, vais pela bom caminho. És cidadão do céu!» exclamou o Papa, que recordou ainda que Jesus vem em nosso socorro: «Jesus pedia ao Pai que salvasse os seus discípulos do espírito do mundo, desta mundanidade, que leva à perdição». Intercedia por eles e intercede por nós. E Nossa Senhora também: «Eu estou convosco e intercedo por todos, dia após dia, diante de meu Filho Jesus». Por isso – e não pelos nossos méritos – acreditamos que podemos permanecer firmes no Senhor. O Senhor – e a nossa Mãe Santíssima que com Ele intercede por nós – não permitirão que o nosso coração fraqueje e nos alcançarão a vida eterna.

 

Também São Gregório de Nissa (335-395) nos aponta um caminho que leva ao céu: «O Senhor fez muitas recomendações aos seus discípulos, para que o seu espírito sacudisse como poeira tudo o que é terreno por natureza e se elevasse ao desejo das realidades sobrenaturais. Isto porque, quando nos voltamos para a vida do céu, temos de ser mais fortes do que o sono e de manter sempre o espírito vigilante. […] “Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas” (Lc 12,35). Porque, ao brilhar diante dos olhos, a luz espanta o sono, e os rins cingidos com o cinto impedem que o corpo sucumba. […] Se vivermos assim, entraremos numa vida semelhante à dos anjos.

 

«Tenhamos esperança, uma vez que através da misericórdia de Deus a salvação está tão próxima de nós, que nos basta apenas um pouco de boa vontade para a obter», é a absoluta convicção do beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário.

 

Sejam portadores da Boa Nova e pessoas de esperança. Sejam amor para todos aqueles que estão sem amor.

 

Nesta mensagem, Nossa Senhora convida-nos insistentemente à oração. Conhecendo-nos como nos conhece, exorta-nos a ser coerentes, a testemunhar o amor e a esperança. De contrário, a oração, não é oração, é conversa fiada… Apetece-me citar Santo Agostinho: «Somos convidados a “cantar ao Senhor um cântico novo” (Sl 149,1).  Dirás: “Eu canto esse cântico”. Cantas, sim, cantas e eu ouço-te. Mas toma cuidado para que a tua vida não contradiga a tua língua. Canta com a voz, canta com o coração, canta com a boca, canta com a tua conduta, “canta ao Senhor um cântico novo”. Perguntas o que hás-de cantar Àquele que amas […], e que louvores poderás cantar-Lhe? Canta “os seus louvores na assembleia dos crentes” (Sl 149,1). O louvor a cantar é o próprio cantor. Queres cantar louvores a Deus? Sê tu próprio aquilo que cantas. Tu serás o seu louvor, se viveres bem».

 

Santa Teresinha do Menino Jesus, explica-nos como se tornou ela o seu próprio cântico… «Permaneçamos portanto longe de tudo o que brilha, amemos a nossa pequenez, amemos não sentir nada, e então seremos pobres em espírito e Jesus virá procurar-nos; por mais longe que estejamos, Ele nos transformará em labaredas de amor».

 

Dirijamo-nos à Senhora do Ó, rezando com o Papa: «Neste tempo que nos leva à festa da Natividade de Jesus, ensina-nos a remar contracorrente: a despirmo-nos, rebaixarmo-nos, doarmo-nos, a escutar, a fazer silêncio, descentrarmo-nos de nós mesmos, para dar espaço à beleza de Deus,  fonte da verdadeira alegria. Ó Mãe nossa, rogai por nós!

 

Cónego Armando Duarte

Lisboa, Solenidade da Imaculada Conceição, 8 de Dezembro de 2014.

 

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