Mensagem de 25 de dezembro de 2014



" Queridos filhos, também hoje, trago-lhes em meus braços o meu filho Jesus e a ele peço a paz para vocês e a paz entre vocês. Rezem e adorem a meu filho para que entre em seus corações a sua paz e alegria. Rezo por vocês para que estejam cada vez mais abertos à oração. Obrigada por terem atendido ao meu chamado. "


Comentário da Mensagem

No dia de Natal, Nossa Senhora falou-nos por intermédio de Maria Pavlovic e de Jakov Colo, dois dos videntes de Medjugorje. Tem sido uma prodigiosa manifestação da infinita misericórdia de Deus: desde o dia 25 de Janeiro de 1987, em cada dia 25, Nossa Senhora, por intermédio da vidente Maria, dá uma mensagem ao mundo. Até quando? Ninguém o sabe. Enquanto nos for concedida essa graça, aproveitemo-la!

 

Jakov, o mais novo dos videntes, actualmente com 43 anos, teve aparições diárias durante mais de 17 anos. A 12 de Setembro de 1998, a Virgem Maria confiou-lhe o décimo segredo na aparição daquele dia. Desde então o encontro com Nossa Senhora tem sido apenas no dia de Natal. Diz muitas vezes aos peregrinos que não tendo sido fácil, no início, ficar privado dos encontros diários com a Mãe do Céu, acabou por compreender que o mais importante não é ver a Virgem mas tê-l'A no seu coração, experiência que todos podemos ter através da oração. Casado com uma italiana, a Analisa, e pai de três filhos continua a residir em Medjugorje.

 

Na verdade, são duas Mensagens, mas a meditação fi-la como se tratasse de uma só.

 

Nos meus braços, trago-vos o meu Filho Jesus […] Rezem e adorem-n'O

 

Para que nos traz, a Mãe, o Seu Menino? Para que O adoremos e o nosso coração seja o estábulo de Belém.

 

Nos relatos evangélicos dos episódios referentes ao Nascimento de Jesus, quando os relemos, encontramos sempre novos pormenores… Quando chegaram os pastores, o Menino Jesus não estava ao colo de Maria, mas “deitado na Manjedoira” (Lc 2, 16). Aquando da chegada dos magos, diz-se que “entrando na casa viram o Menino com Maria, Sua Mãe” (Mt 2, 11). Embora São Mateus não o diga, a verdade é que na representação da chegada dos magos – muitas, de muitos artistas de diversas épocas – Maria tem o Menino ao colo.

 

Os pastores estão entusiasmados, os anjos acabavam de lhes dar a notícia, era gente rude, nada dada a especulações. Ao adorarem o Menino, se estivesse ao colo de Sua Mãe, poderiam também, por ignorância ou inadvertência, adorar a Mãe. Os magos, gente culta, fizeram uma longa caminhada e, enquanto durou, foram sujeitos a várias provas… Quando chegaram, prostraram-se e adoraram-n'O a Ele, ao Menino. Manifestando de outas formas, certamente, a sua reverência e gratidão à Mãe de Jesus.

 

Fui Pároco já por duas vezes, por curtos períodos, da Paróquia de Nossa Senhora da Encarnação, vizinha das Paróquias das quais sou actualmente Pároco, as Paróquias de Nossa Senhora dos Mártires e do Santíssimo Sacramento, em Lisboa. Muitas vezes regresso à igreja da Encarnação para contemplar a belíssima imagem da padroeira. Belíssima! O autor, o escultor Machado de Castro, conta que era sua intenção representar a imagem com dois anjos: o anjo da Anunciação e um outro anjo, prostrado aos pés da Virgem, adorando o Deus verdadeiro cuja humanidade, desde o “fiat” de Maria, começou a ser gerado, por virtude do Espírito Santo, no Seu seio virginal - o Filho de Deus humanado. A Irmandade, dona da obra, prudentemente não consentiu, pois os mais simples poderiam pensar que o anjo estava prostrado em adoração à Mãe do Filho de Deus. O escultor, gorado o seu projecto inicial, acabou por não representar qualquer anjo junto da Virgem.

 

Todos sabemos que a virtude da religião deve manifestar-se externa e interiormente – o culto do coração – de forma individual ou comunitária. Mas é preciso distinguir sempre aqueles que são objecto da nossa devoção. O culto de latria ou de adoração deve-se somente a Deus. Mas devemos honrar também a Santíssima Virgem, os Anjos e os Santos. Maria, por ser a Mãe de Deus e nossa Mãe e por Deus a ter ornado de todas as graças, recebe um culto de hiperdulia. São Tomás de Aquino considera mesmo que «Ela, por ser a Mãe de Deus, obtém do bem infinito, que é Deus, uma dignidade de certo modo infinita». Aos Anjos e aos Santos se tributa o culto de dulia ou veneração, já que neles resplandece a glória de Deus, são modelos de virtude e nossos intercessores.

 

Isto mesmo nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:«A Santíssima Virgem “é com razão venerada pela Igreja com culto especial. E, na verdade, a Santíssima Virgem é, desde remotíssimos tempos, honrada com o título de 'Mãe de Deus', e sob a Sua protecção se acolhem os fiéis em todos os seus perigos e necessidades [...] Este culto [...] embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta por igual ao Verbo Encarnado, ao Pai e ao Espírito Santo, e favorece-o poderosamente"» (n. 971). Por sua vez, o n. 336, entre outros, refere-se ao culto dos anjos, dizendo: «Na sua liturgia, a Igreja associa-se aos anjos para adorar a Deus três vezes Santo; invoca a sua assistência e festeja de modo mais particular a memória de São Miguel, São Gabriel, São Rafael e os anjos da guarda», citando em seguida São Basílio: "Cada fiel tem a seu lado um anjo como protector e pastor para o guiar na vida." E prossegue, ainda no n. 336: «Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus». No n. 2683, fala do culto aos santos: «As testemunhas que nos precederam no Reino, especialmente aquelas que a Igreja reconhece como "santos", participam na tradição viva da oração pelo exemplo da sua vida, pela transmissão dos seus escritos e pela sua oração actual. Contemplam a Deus, louvam-n'O e não se cansam de tomar a seu cuidado aqueles que deixaram na terra. […] Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro».

 

Desejo que o coração de cada um se torne o estábulo de Belém

 

Nossa Senhora apareceu à vidente Maria com o Menino nos braços. E ela, por certo adorou-O. Ter-se-á prostrado, benzido, cantado um cântico? Que fazemos nós diante do Menino? Que fizeram os pastores: tiraram o barrete, cantaram loas, bailaram… Que fizeram os magos? Prostraram-se, ofereceram presentes, ouro, incenso e mirra. Cada um de nós, perante o Menino em carne e osso, que faríamos? Nossa Senhora remete-nos para o essencial, para o que devemos fazer: «Que o coração de cada um se torne o estábulo de Belém». É preciso que sejamos aquilo que já somos desde o dia no nosso Baptismo: enxertados em Cristo, somos templos do Deus Vivo.

 

É a este culto interior, "em espírito e em verdade" (Jo 4,24), que faz da nossa vida e do nosso trabalho – e dos nossos trabalhos! – um acto contínuo de oferecimento, de acção de graças e de desagravo, no cumprimento da vontade de Deus, ao qual nos convida o autor anónimo da “Imitação de Cristo” que, no século XV, nos legou um  verdadeiro tratado de vida espiritual: «Volta-te com todo o teu coração para o Senhor e deixa este mundo miserável; e a tua alma achará repouso. […] Cristo virá junto de ti, mostrando-te a Sua consolação, se Lhe tiveres preparado interiormente uma morada digna. […] Ele visita frequentemente o homem recolhido, a Sua conversa é doce, a Sua consolação agradável, a Sua paz imensa, o Seu convívio admirável. Vai, alma fiel, prepara o teu coração para este Esposo, para que Se digne vir a ti e em ti habitar. Na verdade, Ele diz assim: «Se alguém Me ama, ouvirá a minha palavra, e viremos a ele, e nele faremos morada» (Jo 14,23)» (Livro 2, § 1).

 

“Aquele que os próprios anjos desejam contemplar” (1ª Pd 1, 12), quer estabelecer em nós a Sua morada.

 

Que nos vossos corações entre a Sua paz e a Sua alegria. […]E sejam um exemplo da verdadeira alegria para os outros que vivem nas trevas e que não estão abertos a Deus, nem às Suas graças.

 

Nas Vésperas do dia 20, a liturgia bizantina reza assim: «Prepara-te, Belém: as portas do Éden abrem-se para todos. Exulta, Efratá (Mi 5,1), pois na gruta a Virgem faz florir a árvore da vida. […] Cristo aproxima-Se para nos servir; Ele, o Criador, toma a forma da obra das suas mãos. Rico na sua divindade e cheio de misericórdia, traz ao infeliz Adão uma nova criação e um nascimento novo. Inclina os céus, e no seio da Virgem Maria aproxima-Se de nós, revestido da nossa carne. […] Vamos pois ao seu encontro; vamos a Belém em grande alegria e com a alma em festa. O Senhor […] chega a sua casa como um estrangeiro; acolhamo-l'O para nos tornarmos hóspedes do seu paraíso, e aí ficarmos pela misericórdia daquele que nasce no estábulo. Abrem-se-nos já os pórticos da encarnação do Verbo de Deus. Céus, rejubilai de alegria! Anjos, tremei de entusiasmo! Que a Terra e os que a habitam se entreguem à alegria com os pastores e os magos!».

 

Na nossa liturgia, durante toda a oitava do Natal, lemos textos belíssimos da patrística. Retive particularmente dois desses textos, ambos de São Leão Magno, Papa no século V, uma vez que sublinham os “votos” de Nossa Senhora: que no nosso coração entre a paz e alegria do Menino Jesus. De um dos seus sermões, lemos no próprio dia de Natal: «Hoje nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. […] Ninguém é excluído desta felicidade, porque é comum a todos os homens a causa desta alegria […]. Nosso Senhor veio para libertar a todos. Alegre-se o santo, porque se aproxima a vitória; alegre-se o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; anime-se o gentio, porque é chamado para a vida».

 

No último dia do Ano, também São Leão Magno, considerava a Paz - «aquela paz que os Anjos anunciaram no Nascimento do Senhor» - como o grande dom do Natal: «É a paz que gera os filhos de Deus, alimenta o amor e cria a unidade. Ela é o repouso dos santos e a mansão da eternidade. E o frutos próprios desta paz é unir a Deus, o que o mundo separa. […] O Nascimento do Senhor é o nascimento da paz. Assim o proclama o Apóstolo: Ele é a nossa paz; Ele fez de dois povos um só: quer sejamos judeus quer gentios, é por Ele que temos acesso ao Pai num só Espírito».

 

Aquilo que recebemos de Jesus não podemos deixar de partilhar com os outros, sobretudo com aqueles que «vivem nas trevas e que não estão abertos a Deus, nem às Suas graças». O Santo Padre perguntava na sua homilia da “Missa do Galo”:«Temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura! Paciência de Deus, proximidade de Deus, ternura de Deus. Quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração, pedindo-Lhe: “Senhor, ajudai-me a ser como Vós, concedei-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida, dai-me a graça de me aproximar ao ver qualquer necessidade, a graça da mansidão em qualquer conflito”.

 

Eu sou vossa Mãe, que os ama imensamente e que se preocupa com cada um de vós. […] Eu rezo por todos.

 

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja, fala como ninguém de Maria Santíssima. Saboreemos esta passagem de um Sermão sobre a Anunciação do Anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.» E que graça! Uma graça plena, única, singular […], tanto mais singular quanto é para todos os homens. […] Graça única, pois que apenas tu, Maria, tens a sua plenitude; graça universal, pois que tudo o que Deus criou participa nessa plenitude: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 1,42). Fruto do teu ventre é-o só para ti, mas pela tua meditação chega às almas de todos. […] Só em ti este Rei tão rico Se rebaixou, este grande soberano Se humilhou, este Deus infinito Se fez pequeno. Ele fez-Se inferior aos anjos (Heb 2,7); pois, sendo verdadeiro Deus e Filho de Deus, encarnou. Mas com que objectivo? Para nos enriquecer a todos pela sua pobreza, nos elevar pelo seu rebaixamento, nos engrandecer fazendo-Se pequeno, nos unir a Deus fazendo-Se homem, para que comecemos a ser um só espírito com Ele (2Cor 8,9; 1Cor 6,17)».

 

Na verdade esta é a preocupação de Nossa Senhora: que vivamos em Cristo, «que o coração de cada um se torne o estábulo de Belém». O Mundo tem uma preocupação diversa: afastar-nos de Cristo. Mas se Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa Mãe, nos quer tanto, se Ela cuida e reza por nós - quem nos separará do amor de Cristo?

 

O Papa Francisco no Angelus do primeiro dia do Novo Ano, convidou-nos a que nos voltássemos para Maria, para Lhe apresentar os nossos bons propósitos e Lhe pedir que coloque sobre nós, «em todos os dias do Ano Novo o manto da Sua protecção maternal, "Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas nas nossas dificuldades, e livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita"». E pôs a multidão reunida na Praça de São Pedro a gritar: "Santa Mãe de Deus!". «Todos juntos, três vezes, repitamos: "Santa Mãe de Deus"».

 

Cónego Armando Duarte

Lisboa, Solenidade da Epifania, 4 de Janeiro de 2015


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