Mensagem de 25 de outubro de 2014



Queridos filhos! Rezem neste tempo de graça e procurem a intercessão de todos os santos que já estão na luz. Dia após dia, possam eles ser um exemplo e encorajamento para vocês no caminho da sua conversão. Filhinhos, estejam cientes que sua vida é curta e passageira. Portanto, anseiem pela eternidade e continuem preparando seus corações na oração. Eu estou com vocês e intercedo diante do meu Filho por cada um de vocês, especialmente por aqueles que tem se consagrado a mim e ao meu FIlho. Obrigada por terem respondido ao meu chamado."


Comentário da Mensagem

 

Recebemos a mensagem de Outubro a poucos dias de iniciarmos o “Mês das Almas”, que a piedade popular consagra ao sufrágio das almas do Purgatório. As flores e velas expressam os sentimentos dos vivos pelos falecidos, mas o melhor conforto que lhes podemos oferecer são as orações, os sacrifícios e as boas obras, nomeadamente a esmola.

 

No Angelus do passado dia 2 de Novembro, que terminou com uma bela oração pelos defuntos, o Papa Francisco disse: «Entre ontem e hoje muitos visitam o cemitério que, como diz a palavra, é o "lugar de descanso" à espera do despertar final. É belo pensar que é o próprio Jesus quem nos irá acordar. Ele revelou-nos que a morte do corpo é como um sono do qual Ele nos desperta. Esta fé também nos sustenta, espiritualmente, junto dos túmulos dos nossos entes queridos, daqueles que nos amaram e nos fizeram algum bem. Porém, hoje somos chamados a recordar todos, em especial aqueles de quem ninguém se lembra».

 

A oração mais eficaz para lucrar a indulgência, que aplicadas às almas do purgatório lhes alcança o perdão das suas culpas e penas, é a Santa Missa. Mas também podemos alcançar a indulgência e aplicá-la às almas do purgatório visitando em estado de graça, uma igreja, no próprio dia de Finados, ou um cemitério, do primeiro ao oitavo dia do mês de Novembro e, no local que visitarmos, rezarmos o Credo e um Pai Nosso pelas intenções do Santo Padre.

 

A Igreja, na sua sábia pedagogia, pretende que sobretudo nesta altura do ano – com o Ano litúrgico a chegar ao seu termo – a par da oração pelos que nos precederam na fé, meditemos na generalidade dos novíssimos, pondo em prática o ensinamento de Ben Sirac no Eclesiástico: “Em tudo o que fazes, lembra-te do teu fim (dos teus novíssimos), e jamais pecarás" (Ecli 7,40).O que são os novíssimos?

 

Dá-se o nome de novíssimos às coisas que se referem ao final da vida, a morte, o juízo, o destino eterno: o céu ou o inferno.São “as coisas últimas” e as mais decisivas da nossa existência: «Ao pensar nestas realidades, compreendo perfeitamente aquela exclamação que S. Paulo escreve aos de Corinto: tempus breve est!, que breve é a nossa passagem pela Terra! Para um cristão coerente, estas palavras soam no mais íntimo do seu coração, como uma censura à falta de generosidade e como um convite constante à fidelidade. Realmente é curto o nosso tempo para amar, para dar, para reparar. Não é justo, portanto, que o malbaratemos, nem que atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela fora. Não podemos desperdiçar esta etapa da vida que Deus confia a cada um de nós» (São Josemaria, in Amigos de Deus, 39).

 

Peçam a intercessão de todos os Santos que já estão na luz. Que eles possam ser um exemplo e um estímulo, dia após dia, no caminho da vossa conversão

 

Só Deus é verdadeiramente Santo, bem o sabemos. Só Ele é forte, perfeito e eterno. Porém, pelo Baptismo somos enxertados em Cristo, passando a participar da santidade de Deus. Por isso, São Paulo dirige as suas cartas aos “santos que estão em Éfeso (Ef 1,1), ou em Filipos (cf. Fl 1,1), ou em Colossos (cf. Cl 1,2), ou aos predilectos de Deus que estão em Roma e que são chamados santos (cf Rm 1,7).

 

Mas aqui, Nossa Senhora refere-se aos Seus filhos que já estão no Céu vendo a Deus tal como Ele é (cf 1 Jo 1,3). Melhor dizendo: convida os Seus filhos, santos que ainda peregrinam no mundo, a recorrerem ao auxílio dos Seus filhos que, passando a grande tribulação (cf Ap 7, 14), realizaram a sua vocação à santidade.

 

A Igreja sempre acreditou que as pessoas que morreram perfeitamente santas, vão para o Céu de imediato, como o chamado “bom ladrão”. Nos primórdios do Cristianismo, os cristãos já celebravam a santa Missa sobre os túmulos de mártires, suplicando a sua intercessão.

 

Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina: «Porque os bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade (...), não cessam de interceder, por Ele, com Ele e n’Ele, a nosso favor, diante do Pai, apresentando os méritos que na Terra alcançaram, graças ao Mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo (…). A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela solicitude dos irmãos (cf.LG 49)» (CIC 956).

 

Cita em seguida dois testemunhos clássicos: o de São Domingos de Gusmão, moribundo, a seus irmãos: «Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida». E o de Santa Teresinha do Menino Jesus: «Hei-de passar o meu Céu a fazer o bem sobre a Terra».

 

A estes testemunhos poderíamos acrescentar as observações de São Jerónimo (+420) no mesmo sentido: «Se os Apóstolos e os Mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, já podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa das suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para os seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com as suas orações salvara a vida de 276 homens que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. Agora, depois da sua morte, fechará a boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creem no Evangelho?».

 

Santo Agostinho (+430), no Sermão por ocasião da celebração da memória das Mártires Santa Perpétua e Santa Felicidade, confirma também a Tradição da Igreja no que diz respeito à intercessão: «Nós maravilhamo-nos com elas, elas sentem compaixão de nós. Nós alegramo-nos por elas, elas oram por nós [...]. Contudo, nós todos servimos um só Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei. Estamos unidos a uma Cabeça; dirigimo-nos a uma Jerusalém; seguimos um amor, envolvendo uma unidade».

 

A Igreja ensina, sem qualquer hesitação, que devemos suplicar a intercessão dos santos. Essa e especialmente a de Nossa Senhora, que é a mais poderosa de todas as intercessoras, não substitui a mediação única de Cristo; ao contrário, reforça-a. Sem a mediação única e indispensável de Cristo nenhuma outra intercessão teria valor, já que todas são feitas através de Jesus Cristo.

 

Além de intercessores, os santos são também estímulos para a realização da nossa comum vocação à santidade. Na solenidade de Todos os Santos meditámos no “Ofício de Leituras” uma passagem de um Sermão de São Bernardo (+1153). Diz-nos ele: 

 

«Que aproveita aos Santos o nosso louvor, a nossa glorificação e até mesmo esta solenidade? […] Os santos não precisam das nossas homenagens, nem lhes vale a nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente. Em primeiro lugar, o desejo que a sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos da sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de unir-nos à assembleia dos Patriarcas, à falange dos Profetas, ao senado dos Apóstolos, ao inumerável exército dos Mártires, à comunidade dos Confessores, aos coros das Virgens; enfim, à comunhão de todos os Santos e com todos nos alegrarmos. A Igreja dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os Santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos. […] Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito esperá-la e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos santos. Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua intercessão».

 

A vossa vida é breve e passageira. […] Anseiem pela eternidade

 

Continuemos a leitura atenta do Sermão de São Bernardo: «Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes. Tenhamos gosto pelas coisas do alto. Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pela aspiração das nossas almas àqueles que nos aguardam. Seja para nós um incentivo não só a companhia dos santos, mas também a sua felicidade. Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles».

 

Moisés já velho, no único Salmo que lhe é atribuído, o Salmo 90, conclui que o homem é “como a erva que brota pela manhã: de manhã ela germina e brota, de tarde ela murcha e seca” (v.6). Perante esta verificação, que fazem os insensatos? “Vinde desfrutar dos bens presentes e gozar das criaturas com ânsia juvenil. Inebriemo-nos com o melhor vinho e com perfumes, não deixemos passar a flor da primavera, coroemo-nos com botões de rosas. Antes que murchem; nenhum prado ficará sem provar a nossa orgia, deixemos em toda a parte sinais de alegria pois esta é a nossa sorte e a nossa sina!” (Sb 2, 6-9). Porém, Moisés – e como ele, cada um de nós – pede a Deus que o ensine a contar os dias da sua vida a fim de proceder com sabedoria (cf. Sl 90, 12).

 

Reza assim Santo Agostinho: «O peso da nossa fragilidade faz-nos pender para as realidades deste mundo; o fogo do teu amor, Senhor, eleva-nos e conduz-nos às realidades do alto, para onde subimos pelo impulso do nosso coração, cantando os salmos das elevações; e deixando-nos queimar pelo teu fogo, o fogo da tua bondade, que nos transporta».

 

Belo também o pensamento de Santa Teresinha do Menino Jesus (+1897): «Vinde a Mim, pobres almas sobrecarregadas, E os vossos fardos se tornarão ligeiros. E, ficando para sempre saciadas, Do vosso seio jorrarão fontes de água» (Mt 11,28; Jo 4,15). Tenho sede, ó meu Jesus, e desejo essa água Digna-Te inundar-me a alma com as suas torrentes divinas».

 

No Angelus do dia 19 de Novembro do ano passado, dizia o Papa Francisco: O que vai acontecer é exatamente o contrário do que esperavam os saduceus. «Esta vida não é referência para a eternidade, para a outra vida que nos espera, mas é a eternidade que ilumina e dá esperança à vida terrena de cada um de nós! Se olharmos apenas com os olhos humanos, tendemos a dizer que o caminho do homem vai da vida para a morte". […] Jesus inverte essa visão e afirma que a nossa peregrinação vai da morte para a vida: a vida plena! Nós estamos em caminho, em peregrinação para a vida plena e essa vida plena ilumina o nosso caminho! A morte está atrás, não diante de nós. Diante de nós está o Deus dos vivos, está a derrota definitiva do pecado e da morte, o início de um novo tempo de alegria e de luz infinita. Mas mesmo neste mundo, na oração, nos sacramentos e na comunhão fraterna, encontramos Jesus e o Seu amor, e assim podemos saborear já a vida eterna. A experiência que fazemos do Seu amor e da Sua fidelidade acendem-se como um fogo no nosso coração e faz crescer a nossa fé na ressurreição. Se Deus é fiel e ama, não o pode ser a prazo… Ele é sempre fiel, segundo o Seu tempo, que é a eternidade», concluiu o Santo Padre.

 

Reforcemos a recomendação da Mãe com a exortação de Santo Afonso Maria de Ligório (+1787): «Almas fiéis! Caminhemos ao encontro de Jesus; se Ele tem a felicidade de nos possuir, temos nós a de O possuir a Ele: a troca é muito mais vantajosa para nós do que para Ele. «Teresa», disse um dia o Senhor a esta santa [de Ávila], «não tinhas sido, até aqui, completamente minha; agora que és integralmente minha, fica a saber que Eu sou teu completamente.» […] Deus arde de um desejo extremo de Se unir a nós; mas é preciso que também nós zelemos no cuidado de nos unirmos a Deus».

 

Eu estou convosco e intercedo por cada um de vós, sobretudo pelos que se consagraram a mim e a Jesus

 

Consagração quer dizer: tornar sagrada uma coisa ou uma pessoa. Neste sentido, a criação e, particularmente, o homem, obra prima do Criador, é consagrado. Mas, para os discípulos de Cristo, a consagração tem um sentido especial. O Baptismo é a Consagração fundamental, já que enxertados em Cristo nos tornamos filhos no Filho, capazes de corresponder ao amor imenso com que Deus nos ama. Consagramo-nos a Deus! Porém, podemos fazê-lo – e é muito conveniente que o façamos – pelas mãos de Maria. Neste sentido, usando a palavra “consagração” de uma forma abrangente, aplicamo-la à nossa relação com Maria, dizendo: tenciono fazer, ou vou fazer ou já fiz a minha consagração a Nossa Senhora. Na realidade, quando a fazemos, estamos a imitar Jesus que, desde o “fiat” da anunciação a Maria, Se colocou inteiramente nas mãos de Sua Mãe. Pela consagração a Maria, colocamo-nos sob a protecção da Mãe de Deus e nossa Mãe, para que Maria faça em nós e nos alcance aquilo que precisamos: sobretudo a graça de vivermos na abertura ao Espírito Santo, cultivando as virtudes marianas da pureza, da fé e da caridade e, assim, fiéis às promessas baptismais, realizarmos a vocação à santidade.

 

A consagração não é, em si mesma, um fim, mas um meio para vivermos a nossa pertença a Cristo.Trata-se de um caminho rápido e seguro de santificação e, por isso, um caminho rápido e seguro que nos leva a Jesus Cristo e à salvação que Ele nos alcançou, entregando-Se por nosso amor. Claro, a consagração à Santíssima Virgem não dispensa o nosso esforço para vencer as dificuldades e para corresponder à vontade de Deus… Porém, tudo se torna mais fácil. Se estivermos unidos à Mãe estaremos unidos a Jesus, não apenas na medida das nossas debilitadas capacidades, mas com aquela intensidade que une a Mãe ao Filho! E ainda que soframos alguma queda, Ela tem a força de uma graça eficaz que nos reergue e nos recoloca no caminho que conduz a Cristo e, com Ele, à Salvação. Ainda que seja necessário que Ela nos pegue ao colo…

 

Na habitual entrevista dada à Radio Maria de Itália após a Aparição do dia 25, a vidente Maria Pavlovic respondeu assim às perguntas do Padre Livio:

 

P. Livio:A Virgem diz que quer orar especialmente pelos que se consagram a Ela e ao Seu Filho. Como poderemos nós consagrarmo-nos à Virgem e a Jesus? Com que palavras? Com que fórmula?

 

Maria Pavlovic: De mil formas. Há mil formas de o fazer. O importante é que nos consagremos. O importante é que se faça com o coração, como diz a Virgem. Se o fizermos com o coração – mesmo com o coração – a consagração será bem feita.

 

P. Livio: Que significa consagrar-se?

 

Maria Pavlovic:Oferecer-se, entregar-se e dizer: “Eu quero ser um instrumento nas Tuas mãos”; e isto devemos fazê-lo cada dia, em cada manhã o devemos fazer. O Senhor ajuda-nos e espera que, de dia para dia, estejamos mais dóceis como instrumentos Seus em Suas mãos.

 

Maria, Rainha da Paz e consoladora dos aflitos, aqui estamos a vossos pés, com o coração cheio de alegria e dispostos a renovar a nossa consagração. Ajudai-nos a corresponder sempre à vossa materna solicitude. Ámen.

 

Cónego Armando Duarte

Lisboa, Festa de São Nuno de Santa Maria, 6 de Novembro de 2014

 

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